segunda-feira, 5 de julho de 2010

Marcos Cesar usa a “pedagogia” da repressão !

Recentemente fomos informados “FRATERNALMENTE” de uma medida de “segurança” por parte do diretor acadêmico Marcos Cezar de Freitas que quer ser conhecido como diretor do “dialogo” e da “democracia”.
Esta medida nada democrática consiste em instaurar uma base permanente da PM próximo ao campus, na entrada do prédio do CEU que para nós é a Unidade 2 praticamente um anexo da universidade.

Esta intervenção uma vez que não dialoga com a comunidade acadêmica e com os moradores do bairro, se apresenta como forma de controle, fiscalização e repressão cotidiana, dificultando, assim, qualquer possibilidade de inclusão social dos moradores do bairro sobre tudo os jovens à universidade, além de significar maior vigilância e repressão sobre os estudantes, com o claro objetivo de dificultar a organização estudantil e a resistência dos movimentos sociais inibindo a articulação política tanto dos moradores como dos estudantes, vide Movimento Passe Livre e o próprio Movimento Estudantil que em vários lugares, como nas universidades paulistas, luta ao lado dos trabalhadores em uma aliança política em defesa da universidade pública.

É fato que existem desigualdades sociais em todas as regiões do país. Essas desigualdades se apresentam mais explicitamente em comunidades abandonadas a sua própria sorte, onde não há investimentos reais em educação, saúde, moradia, trabalho, cultura e lazer, a ausência destas necessidades básicas acaba dando margem a saídas “marginalizadas” como os que vem acontecendo na UNIFESP. Portanto, é fundamental pensarmos os problemas de “segurança” juntamente com a ausência dos fatores citados acima, principalmente o desemprego e ociosidade da juventude. A única saída que viável à maioria é a do combate às causas da marginalidade, a questão da segurança não pode ser desvinculada da desigualdade social. Temos que discutir sobre de que forma às instituições, principalmente as de ensino, devem buscar saídas alternativas. Saídas que interessam a juventude e aos trabalhadores, saídas que combata as causa dos problemas e não meramente seus efeitos. É fato também que nestas comunidades muitas vezes o único braço do Estado que chega é a POLÍCIA e esta por muitas vezes só serve para oprimir as camadas mais exploradas da sociedade. Dessa maneira a polícia também é tida como agentes de repressão do Estado que reprimi qualquer resistência estudantil e popular. Portanto, antes de tudo é necessário pensarmos que universidade queremos? Será que desejamos uma universidade que não atender os interesses sociais da base da sociedade, e que se comporta como colonizadora, que se apropria dos espaços comunitários sem ter nenhum envolvimento com seu meio, tomando medidas isoladas sem consultar de forma democrática e participativa os moradores e estudantes?.

Ou queremos de fato uma instituição que faça um diálogo constante interno e externo à universidade com o seu entorno, buscando saídas alternativas pensadas conjuntamente com a comunidade do bairro? Somente saídas unitárias podem de alguma forma contribuir para uma relação mais participativa e solidária entre os moradores da comunidade e universidade, e vice e versa!


Perguntamos ao senhor diretor porque ele não procurou os estudantes, os moradores e ou associação de bairro para discutir esta questão tão pertinente a ambas as partes, antes de sentar com a prefeitura e decidir pela polícia?
                                                                                        
Com a palavra o diretor: “quero informar que após entendimentos com a Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos foi definida a instalação de um posto policial permanente na entrada do prédio que para nós é a Unidade 2, para a Prefeitura é o Projeto CEU. A previsão inicial de instalação é para a segunda quinzena deste mês de junho. Uma vez instalado o posto, para além do efetivo policial permanente que atuará no local, teremos condições legais para que uma viatura atue especificamente entre um prédio e outro”. (Email enviado 24 de Junho). Marcos Cesar, pedagogo vulgo demagogo, acredita piamente que pode fazer alguém pensar que existe democracia na universidade com informes de corredor e email. Esse diretor acadêmico não passa de mais um interventor da Reitoria. Chega de criminalizar os excluídos, esse diretor que se diz didático, se apresenta como exímio representante das camadas “superiores” da sociedade e opressor da periferia, já tão desgastada e espoliada pelo capitalismo.

Em outras universidades esse tipo de medida só serviu para aumentar a repressão à livre organização da comunidade universitária e para afastar a população do cotidiano da universidade. Não podemos permitir que medidas reacionárias como essa se naturalizem. É necessário que todos os setores na universidade se mobilizem contra essa medida. Temos que nos posicionar veementemente contra a construção dessa base policial nas imediações do campus e lutar para que a comunidade na qual a universidade está inserida seja integrada de fato.


Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história. Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.

(Eduardo Alves da Costa)